quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Avô com A maiúsculo

Hoje pela manhã peguei minha xícara de café e me sentei na sala. Como ainda me restavam alguns minutos liguei a TV. No comercial o anúncio do dia dos Pais. Nossa, a pontada no coração foi instântanea. Poxa vida, não tenho mais pai!!! E uma vez mais sua ausência me faltou tão profundamente. Na mais sincera melancolia me lembrei dos muitos dias dos pais que vivemos. Ainda pequenos quando eu, a Li e o Eder nos atropelávamos para saber quem subiria primeiro na cama dele para abraçá-lo, um dia lhes servindo um café na bandeja, outro lhe entregando um presente, ou apresentando algo que nós passamos uma semana preparando para lhe mostrar. E assim foram passando os anos... com muito carinho e respeito. Mais recente, ainda morando em Campinas, a Li já corria na frente para abraçá-lo, e não posso deixar de mencionar aquele jeitinho encabulado em que ele recebia o afago. Um sorrisinho de canto de boca... A Li lhe cobrindo de beijos e apertos e ele todo envergonhado, mas adorando tudo aquilo. Logo vieram os netos e aí a vergonha foi embora... ele aproveitava o ensejo para cobrar-lhes o beijo, o abraço. E como amaram esse vô! Os desenhos na escolinha sempre eram de uma grande família... Um dia a professora falou pro Diego que a família dele era o papai, a mamãe e o Victor... ele se revoltou e disse que aquela era a família dele, somando o vovô e a vovó, e ela insistiu que era mesmo, mas no desenho era para colocar somente os que moravam na mesma casa que ele, e ele mais uma vez reforçou que todos moravam juntos e que éramos "essa" família, daquele jeito mesmo! A professora em uma oprotunidade me contou a história e falou do tanto que o vô e a vó era importante para eles. De fato foi e eu lamento que eles foram privados tão cedo dessa convivência. Eles estavam sempre ao redor do meu pai e já na fase do porque a gente se divertia com as perguntas lançadas sempre que ele estava empenhado no conserto de alguma coisa da casa. Eles ficavam fascinados que o vô sabia consertar tudo. Um dia acordaram meu pai chorando que uma motoca havia quebrado! Era só encaixar a roda que se soltara... mas eles foram crescendo e a roda já não aguentava o peso e as manobras radicais. O Vô fez uma perfeita engenharia na roda, furou, parafusou, instalou lâmina de aço e pronto "faz o teste Victor". Eles acharam o máximo além de resolvido tinha ficado perfeito! Já estão com quase cinco e a motoca continua, amiga inseparável. São lembranças doces e felizes mas que me levam a lamentar a perda tão jovem... Assim também fez o Diego, quando lhe falei que o vovô tinha morrido ele chorou sofrido e me questionou quem é que ia consertar os brinquedos dele! Na missa agora a pouco, padre Maurício me falou dessa fase que se inicia, a ausência se torna presença, uma vez que a gente começa a perceber a falta da pessoa nas diversas atividades... Porém me corrigiu na minha constatação de que não tinha mais pai... "Pai é único, é eterno, mesmo que ele não esteja fisicamente presente conosco, ele vai estar sempre, na memória, nos ensinamentos que deixou, na educação que plantou, em todas as lembranças de sua existência".

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